A decisão pela compra de um imóvel é complexa e envolve diversas variáveis. Fatores como o perfil do consumidor, facilidades que a localização proporciona, segurança e condições de pagamento da casa ou do apartamento são apenas alguns dos aspectos considerados por quem está perto de realizar o sonho da casa própria ou quer mudar de residência.
Segundo pesquisa realizada pelo portal de imóveis VivaReal, entre os elementos que mais influenciam no processo de escolha do imóvel estão a proximidade aos centros comerciais (43%) e a segurança (30%). “Quando a pessoa vai comprar seu imóvel, ela precisa pesar o que quer e necessita. Normalmente procuram facilidades”, explica o vice-presidente do VivaReal, Lucas Vargas. “Morar perto de centros comerciais deixa a rotina mais prática, já que ficarão próximas de serviços, como mercado, shoppings e o próprio trabalho. Além disso, os centros comerciais são mais atendidos por transporte público”, complementa.
De acordo com ele, a segurança é um aspecto que sempre está em primeiro plano. “É inerente na hora da escolha de uma casa ou apartamento. A pessoa precisa saber se o prédio tem porteiro, se o bairro é movimentado e se é considerado seguro, etc”, revela Vargas.
A preferência por regiões com mais possibilidades de lazer, tranquilidade e conforto aparece em terceiro lugar, com 27% das respostas. “No geral, as pessoas procuram os três aspectos. O próprio imóvel tem oferecido esses aspectos – é possível morar em um prédio no centro comercial, que ofereça piscina, salão de festas, playground, por exemplo”, complementa. Dentre outras variáveis que interferem na compra de um imóvel, Vargas cita o acesso ao transporte, proximidade com o trabalho e se a pessoa está perto da casa de parentes.
Salvador
Na capital baiana, o portal identificou que o soteropolitano tem uma tendência de estar perto do comércio e lazer. “Os bairros mais procurados para venda em Salvador são Pituba, Itapuã e Imbuí. Os dois primeiros são na praia e o terceiro bem perto dela. Itapuã, por exemplo, é um bairro turístico com muitos serviços voltados para os turistas”.
Assim como o diretor do VivaReal, o corretor de imóveis Fernando Cruz defende que o fator mais importante na hora da compra de um imóvel é a localização. “Falo da cidade, do bairro e até mesmo de determinadas ruas dentro do bairro. Nisso entra a proximidade com supermercados, farmácias e estas coisas que fazem parte da rotina das pessoas”, diz. Segundo ele, outro aspecto que deve balizar a decisão do consumidor é a adequação do imóvel às necessidades da pessoa. “Seja em termos de metragem, quantidade de pessoas, número de quartos, garagens, etc”.
O terceiro ponto é o preço e a condição do pagamento. “Havendo um encaixe nesse tripé, há uma grande chance do negócio ser fechado. Isto também depende da negociação e da flexibilidade das partes envolvidas”, pontua.
Pensando neste conjunto de fatores, o analista de infraestrutura e fotógrafo Dieizon Vitor Barbosa, 27 anos, iniciou o processo de compra de seu apartamento há cerca de um ano e hoje já mora no seu próprio lar. “Alguns amigos me apresentaram ao apartamento, em um condomínio fechado, e o que mais me atraiu foi a condição de pagamento, em conjunto com o local, que é tranquilo e seguro”, conta.
O imóvel dele foi adquirido pelo programa Minha Casa Minha Vida e, através da Caixa Econômica, ele conseguiu financiar 70% do valor do apartamento. “A incorporadora, a MRV Engenharia, também me possibilitou que eu dividisse o valor de entrada. No total, este valor completo girou em torno de R$ 30 mil”, completa.
Ao contrário de Dieizon, a condição de pagamento é justamente o que impede o bancário Glauber Borba, 27, de realizar o sonho da casa própria neste momento. “Estou procurando algo que envolva um pouco de tudo – um lugar seguro, com preço acessível e em um bairro legal. Infelizmente comprar à vista é só para rico – como não é meu caso, quem vai dizer é o banco. Vou aproveitar o máximo da carta de crédito que a Caixa vai me conceder”, revela.
Ele tem preferência por um imóvel usado – por ser mais em conta – e também por uma casa ou apartamento com escada, já que não gosta de locais altos e com elevador. “Já pesquisei muito, mas estou esperando o momento certo, pois o banco não está liberando muita coisa e os imóveis estão caindo de preço. Em um determinado ponto vai estar mais favorável pegar a carta”, acrescenta.
Custos
Segundo o corretor de imóveis Carlos Couto, apesar de a localização ter um peso preponderante na escolha de um imóvel para comprar, o bolso dirá a melhor relação de custo-benefício para cada pessoa. “O comprador hoje tem uma preocupação muito grande com a mobilidade e o tempo perdido nos engarrafamentos e busca conciliar a localização ideal com o que seu bolso pode pagar”, afirma Couto.
Para Lucas Vargas, do VivaReal, o preço dos imóveis é uma variável, mas não é mais importante do que a localização e a segurança. “Quando um comprador tem em mente as características que procura, o valor que ele vai pagar muitas vezes pode ficar em segundo plano com um desses outros fatores sendo preponderante”, garante.
O corretor Gabriel Nunes defende que “tudo depende muito do cliente e a sua motivação de compra”. “Interferem, no momento, o valor do metro quadrado, valores de entrada, poupança e formas de pagamento da mesma. Também influenciam o prazo de entrega do imóvel e as taxas de juros bancárias”.
Segurança
No quesito segurança, o estudo feito pelo portal de imóveis VivaReal destacou que 43% dos casais com filhos e 37% das pessoas que moram sozinhas se sentem inseguros nos bairros onde residem e se mostram dispostos até a mudar de cidade em busca de segurança (36%). “Segurança é uma das principais motivações na hora de mudar de imóvel. Além de buscar por um bairro mais seguro, o consumidor considera fundamental se munir de itens como câmera de segurança, alarme e grades. Os condomínios e casas devem estar atentos às expectativas dos moradores e se adequar para garantir um melhor negócio tanto para venda quanto aluguel”, afirma o vice-presidente do VivaReal, Lucas Vargas.
Quando questionados sobre o que consideram fundamental para se sentir seguros em suas residências, as famílias apontaram as câmeras de segurança (47%), seguida de grades nas janelas (40%) e porteiro 24 horas (38%). Já os que moram sozinhos citaram como principais itens porteiro 24 horas (55%), câmeras de segurança (51%) e interfone (39%). “Cada membro da família tem sua própria rotina. Pais e filhos saem e chegam em casa em diferentes horários. A câmera de vídeo é o item mais importante para a família justamente para que todos consigam acompanhar uns aos outros, caso aconteça algo de diferente nessa rotina. Já para quem mora sozinho, um porteiro 24 horas é o ideal para facilitar o acesso à residência”, justifica Vargas. “Em família, um filho pode avisar ao pai que está chegando em casa e o pai ficará pronto para abrir o portão ou porta, mas quem mora só não tem esse auxílio e a figura do porteiro facilita em qualquer momento do dia”, acrescenta.
Perda do valor real
O preço médio anunciado do metro quadrado teve queda real de 4,94% em 2015 (de janeiro a julho), segundo o Índice FipeZap, que acompanha o preço de venda dos imóveis em 20 cidades brasileiras. Isso porque no acumulado do ano houve um crescimento de 1,51%, valor bastante inferior ao da inflação esperada para o IPCA (IBGE) no mesmo período: 6,79%. Julho foi o sétimo mês consecutivo em que a variação foi menor do que a inflação nos últimos 12 meses, configurando novamente queda real de preços. Em 12 meses, os valores tiveram aumento nominal de 4,03%.
De acordo com o levantamento, esta foi também a nona vez seguida em que o índice registrou queda real de preços na base de comparação mensal, já que o aumento médio de 0,13% em julho foi inferior à inflação esperada de 0,58% para o mês (segundo o Boletim Focus, do Banco Central). Na mesma base de comparação, cinco das 20 cidades tiveram queda nominal (Rio de Janeiro, Niterói, Belo Horizonte, Vila Velha e Curitiba). São Paulo teve alta de 0,10% e Brasília, 0,22%, ante o mês de junho. No acumulado do ano, o Índice FipeZap registra um crescimento em 2015 de 1,51%, enquanto a inflação esperada para o IPCA (IBGE) no mesmo período é de 6,79%.
Com exceção de Florianópolis, todas as outras cidades que compõem o índice registraram variações abaixo da inflação em julho, de modo que Niterói, Brasília e Curitiba tiveram queda nominal nesse mesmo período. Em 12 meses, Niterói tem a maior queda acumulada no preço do metro quadrado, de 2,44%, seguida de Curitiba, que perdeu 0,78%, e Brasília, que teve variação negativa de 0,74%. O valor anunciado do metro quadrado médio das 20 cidades em julho de 2015 foi de R$ 7.614. A cidade com o metro quadrado mais caro continua sendo o Rio de Janeiro (R$ 10.631), seguida por São Paulo (R$ 8.602). Os dois municípios que apresentaram os menores preços foram Contagem (R$ 3.568) e Goiânia (R$ 4.183). Segundo o Índice FipeZap, em julho, o metro quadrado custava R$ 4.655 na capital baiana.
Fonte: Correio da Bahia
09/08/2015