Bento Azevedo

Melhorias socioeconômicas, programas governamentais de habitação popular e facilidades de crédito imobiliário. Esse mix de fatores alterou, nos últimos anos, o foco da indústria da construção civil, conforme mostram estudos da empresa Criactive: no ano passado, 75% dos prédios em construção no País eram voltadas para as classes C e D. Há 10 anos, 90% dos empreendimentos imobiliários lançados pelas principais construtoras do País eram destinados às classes A e B.

De acordo com a engenheira civil Cristina Della Penna, diretora da Criactive, isso tem feito com que muitas empresas do ramo da construção civil estejam “mudando o foco” e lançando mais empreendimentos para a nova classe média.

“Podemos observar que houve uma estabilização da metragem quadrada útil das obras de padrão alto e médio alto. Já em relação às obras de padrão médio a popular, percebe-se um crescimento significativo até 2012”, analisa a engenheira Cristina.

Para conseguir um preço final mais baixo, as construtoras usam sistemas diferentes quando a obra é “de interesse social”, como costumam classificar os prédios voltados a classes mais baixas. “Setenta e quatro por cento dessas obras utilizam alvenaria estrutural”, afirma a engenheira. “Se pensarmos no alto e médio alto padrão, a tecnologia mais utilizada é concreto armado, em 69% dos casos analisados.”

De acordo com ela, os principais motivos para a preferência pela alvenaria estrutural nas edificações voltadas às classes C e D são a agilidade a economia. “Sessenta e três por centro das construtoras afirmam que conseguem atingir uma economia de até 40%, desde que o sistema já esteja consolidado junto à equipe de obras”, diz Cristina.

Velocidade
Outro dado interessante revelado pelo levantamento da Criactive mostra que o tempo entre o lançamento do edifício e o início da obra também é mais curto quando se trata de um padrão mais barato – o que indica que as unidades populares são vendidas mais rapidamente e a construção têm de acontecer em velocidade, para compensar a baixa lucratividade como um todo, se comparada com os de perfil mais elevado.

“Os prédios populares e de perfil médio baixo costumam começar a obra seis meses após o lançamento”, exemplifica a engenheira. “O tempo vai só aumentando, conforme o perfil se eleva. No caso de médio padrão, são 10 meses, médio alto são 12 meses. Os prédios de alto padrão levam 14 meses, em média, do lançamento para o início da obra.” Ou seja: o preço tem pressa.

 

Fonte: Jornal O Estado de S. Paulo
Data: 11/05/2013