Bento Azevedo

O programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) passou por um superaquecimento no início de 2024, impulsionado por aumento de subsídios, redução de juros e elevação do limite de preço dos imóveis. O conjunto de ações resultou em um aumento expressivo da demanda e consumo de R$ 30,6 bilhões do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) apenas no primeiro trimestre. O valor supera em 15% o previsto para o período.

Caso este ritmo de contratações seja mantido, será necessário um aporte adicional de R$ 25 a R$ 30 bilhões ao orçamento do programa no segundo semestre. Caso contrário, os novos financiamentos para a compra e a construção de unidades voltadas à baixa renda terão de ser congelados no fim deste ano.

As mudanças para incluir mais famílias no MCMV, juntamente com a introdução do ‘FGTS Futuro’ – que permite o uso dos depósitos futuros no FGTS para o pagamento das parcelas – são vistas como potenciais impulsionadores das vendas nos próximos meses. Diante desse cenário, o Ministério das Cidades reconheceu a necessidade de revisar o orçamento do MCMV.

A decisão depende, no entanto, da aprovação do Conselho Curador do FGTS. A situação reflete o desafio de equilibrar o incentivo ao setor habitacional com a sustentabilidade financeira do programa, especialmente considerando o atendimento das demandas reprimidas e o crescimento das operações de crédito para a produção de empreendimentos.

Fonte: Estadão