O novo modelo de habitação popular em São Paulo tem três dormitórios, sacada e 67 metros quadrados. Na maior parte dos bairros do centro expandido, um apartamento com essas características custa em média R$ 300 mil. “O objetivo é dar maior dignidade para quem opta por um conjunto de baixa renda”, defende Lair Krahenbuhl, secretário estadual da Habitação e presidente da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU).
Com portas e corredores 20% mais largos, o padrão defendido pela CDHU consta em um projeto de lei enviado à Câmara Municipal pelo prefeito Gilberto Kassab (DEM). A proposta altera a metragem limite de 50 m² colocada no Plano Diretor de 2002 para as chamadas Habitações de Interesse Social (HIS). Essas habitações são construídas com incentivos fiscais para famílias que ganham até três salários mínimos mensais (R$ 1.530).
Os 67 metros permitem pela primeira vez na capital a construção de conjuntos com a acessibilidade prevista no Desenho Universal, um conceito de habitação popular ratificado por meio de um decreto estadual de agosto de 2008. No interior, por exemplo, a CDHU inaugura amanhã em São José do Rio Preto um condomínio com 143 casas de três quartos, piso de cerâmica e 77 metros de área construída.
A Secretaria Municipal de Habitação informou que também quer construir apartamentos com mais de 50 metros para famílias que hoje moram em ocupações irregulares da periferia. “Não é só para facilitar a vida do cadeirante que tem de entrar de ré no banheiro, mas também a do obeso, da gestante, do idoso. Os custos do imóvel aumentam só em 5% com as mudanças”, acrescentou Krahenbuhl.
Fugindo dos padrões das últimas três décadas, os arquitetos hoje tentam soluções que aumentem a funcionalidade e a qualidade dos prédios populares. Em apartamentos de 52 m², o arquiteto Marcos Boldarini projetou varandas e aproveitou o espaço da cobertura para uso comum nos conjuntos construídos na Nova Jaguaré, na zona norte. “A área externa também tem playground e espaços que ajudam a melhorar o convívio”, diz.
Inviável
Para as construtoras, porém, erguer apartamento para baixa renda de 67 metros é inviável. A MRV ergue hoje imóveis populares em Paraisópolis de 42 m². “Esse espaço é adequado para uma família de quatro pessoas. É bem melhor do que morar em um barraco”, argumenta João Crestana, presidente do Secovi (sindicato da habitação).
FONTE: Jornal O Estado de São Paulo
DATA: 07/07/2010