Bento Azevedo

noticia6_16.01

 

Em projetos modernos, as varandas são espaços que ganharam destaque ao privilegiar a máxima integração entre ambientes. Mesmo sendo projetadas para receber sobrecarga de segurança, é preciso atenção quando a proposta é transformá-la numa extensão da sala de estar.

Especialistas alertam que a manutenção e conservação, além de vistorias técnicas periódicas, são essenciais para garantir a vida útil desse nobre espaço.

De acordo com o engenheiro civil, pós-graduado em Engenharia de Avaliação de Bens e Perícias, Valmir Pelicani, o problema mais comum encontrado em varandas, sacadas e marquises, principalmente de estruturas em balanço, é o acúmulo e infiltração de água. “Se está acumulando água nesses ambientes é sinal de risco à estrutura (corrosão e perda da resistência das ferragens pelo efeito químico conhecido como “pilha” ).

Outro fator importante, segundo Pelicani, está na manutenção ao longo do tempo. “Rejuntes dos pisos (que devem ser flexíveis) soltando, pisos ou cimentados que trincam ou se soltam, sistema de impermeabilização com prazo de vida útil expirado ou rompidos podem ser os responsáveis pela instabilidade da estrutura em concreto armado, colocando em risco a segurança dos moradores”, alerta o engenheiro civil.

Em casos de problemas na estrutura das varandas ou sacadas, a responsabilidade civil na construção é atribuída ao executor, em certo prazo, após a entrega do imóvel. Depois de um determinado tempo, a garantia se expira. Após este período, devem ser feitas vistorias técnicas periódicas.

Segundo Pelicani, as vistorias técnicas não são feitas, com raras exceções, por profissional qualificado junto ao Conselho Regional de Engenharia (Crea). “Em muitos casos as vistorias são realizadas por pessoas não qualificadas, e ocorrido um sinistro, não há a quem imputar responsabilidade, assim o prejuízo fica bem maior do que se apresentava no início do problema”.

Para evitar a ocorrência de patologias em varandas, o engenheiro orienta que “a construtora ou o responsável pela execução da edificação, além de uma vistoria prévia de entrega, deve elaborar e entregar o manual de uso e operação da área privativa e área comum, separadamente, para ser entregue aos moradores e ao síndico do prédio”.

Sobrecarga

O uso das sacadas como extensão das sala, com cadeiras, estantes de livros e outros móveis pode causar problemas à estrutura do espaço. Segundo o engenheiro civil, toda varanda ou sacada tem previsto e estruturalmente está preparada para uma sobrecarga de segurança.

Porém, se a estrutura for do tipo em balanço, o cuidado deve ser redobrado quanto a elementos ou mudança de uso das varandas.

“Qualquer mudança deve ser precedida de cálculo e análise de profissional devidamente habilitado para atestar a viabilidade técnica da mudança”.

Ao derrubar paredes para incorporar a área das varandas em conjunto com a sala, deve-se avaliar se é possível efetuar a abertura no local desejado e não retirar ou abalar os elementos estruturais (de concreto armado) na região.

“Existem inovações tecnológicas no mercado da construção civil que permitem substituir elementos de concreto armado por fibra de carbono, devendo passar, necessariamente, por análise estrutural”, explica o engenheiro.

Ele salienta que as paredes em alvenaria autoportante (blocos de concreto celulares ou vazados) não devem sofrer aberturas, sem a realização de cálculo estrutural. “Em via de regra, isso não deve acontecer”.

De acordo com o código de obras, antes de incorporar a área da varanda na área privativa do apartamento, o morador ou profissional deve regularizar a documentação da edificação junto à prefeitura municipal.

O profissional que vai executar a obra deve ter Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), junto ao Conselho Regional de Engenharia (Crea), além de comunicar ao síndico a programação da execução do serviço, respeitando logicamente toda a convenção do condomínio.

FONTE: Jornal O Diário – Maringá
DATA: 13/01/2013