Com uma das maiores concentrações de idosos do mundo, Copacabana, o bairro-praia mais famoso do País, oficializa nesta semana uma parceria entre zeladores, porteiros e idosos. Na data será lançado um programa de treinamento dos profissionais para que tenham conhecimentos de primeiros-socorros e prevenção de acidentes, com o objetivo de aprimorar o que alguns já fazem informalmente pelos velhos que estão nos prédios.
A iniciativa será bancada pelo fundo de previdência privada do banco Bradesco, que neste mês promoveu o V Fórum de Longevidade. Segundo o consultor Alexandre Kalache, ex-diretor do programa de envelhecimento da Organização Mundial da Saúde e idealizador do projeto, grupos focais com idosos demonstraram que o zelador é uma figura presente no cotidiano dos velhos de Copacabana, ao lado de amigos, dada a vida conturbada das famílias no centro urbano.
“É ele que carrega uma compra, faz um reparo no apartamento, socorre quando algo não vai bem, providencia um remédio”, diz Kalache, nascido no bairro. Não haverá remuneração extra para os profissionais, mas diploma.
Nos grupos focais, quando estimulados, os idosos lembraram facilmente de alguma ocasião em que o porteiro ajudou. Mas alguns prédios já se preocupam com o idoso morador mesmo antes do curso. “O condomínio é grande, com muitos idosos e sempre nos preocupamos em melhorar a vida deles. Só com mais de 90 anos temos 20 pessoas. Temos até hidroginástica, sala para encontro, carteado”, relata José Carlos Ferreira, de 65 anos, ex-síndico de prédio no bairro. “Há algumas idosas que moram só. Aí o porteiro sempre liga para saber se está tudo bem.”
“Meu vizinho passou mal várias vezes e o levamos ao hospital, mas ele não resistiu e morreu”, afirmou o massagista aposentado João Rodrigues, de 76 anos, que atuou no time do Flamengo. “Eu ainda posso ir ao hospital, mas tem gente que não consegue”, disse o aposentado.
FONTE: Jornal O Estado de São Paulo