Porto Alegre no ano passado depararam com preços mais elevados. O valor médio do aluguel residencial subiu 11,72% em 2023 na Capital. Essa é a maior alta nos últimos 10 anos. O dado é do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis (Secovi-RS).
A pesquisa considera apenas residenciais que estão disponíveis para locação e não os já alugados. Crédito mais caro, que afasta pessoas da casa própria, aumento de demanda e recomposição de preços após a pandemia ajudam a explicar esse salto, segundo especialistas e integrantes do setor.
A variação do preço do aluguel residencial na Capital descola dos principais índices de inflação apurados no país. Por exemplo, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do IBGE, fechou 2023 em 4,62%. Já o Índice Geral de Preços — Mercado (IGP-M), da FGV, apresentou queda de 3,18%.
A economista-chefe do Secovi-RS, Lucineli Martins, afirma que o maior nível de emprego da população, inflação controlada, diminuição de oferta de imóveis residenciais para locação e Selic alta são alguns dos fatores que ajudam a explicar o movimento de alta. Além disso, 2023 contou com condições para recomposição de preços após dificuldade de reajustes durante o período de pandemia:
— Ainda houve uma adequação dos aluguéis a preços de mercado, já que os valores haviam ficado estagnados boa parte dos últimos anos.
O professor Alberto Ajzental, coordenador do curso de Negócios Imobiliários da FGV, afirma que o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) e a taxa de juro no país apresentaram alta nos últimos anos, respingando nos preços dos imóveis. Com residências para compra mais caras e poder aquisitivo em queda, pressionado por inflação e endividamento, existe um movimento maior por busca de aluguel, segundo o especialista:
— As pessoas querem sair de um imóvel locado para a compra. Se você tem uma pressão inflacionária por aluguel, então, provavelmente as pessoas não estão conseguindo exercer a compra.
Ou seja, ao manter eventuais compradores ainda no aluguel, sem a perspectiva de financiamento imobiliário, o número de imóveis disponíveis em determinados locais diminui, elevando o preço dos que estão aptos para locação.
Dados recentes da Síntese dos Indicadores Sociais (SIS), divulgada em dezembro pelo IBGE, mostram que o número de pessoas pagando aluguel para morar em Porto Alegre ficou em 286 mil em 2022, ano mais recente com informações na pesquisa. Esse montante representa alta de 28,5% ante 2019.
O levantamento do Secovi mostra que o tempo para alugar um imóvel na Capital não teve um movimento abrupto no último ano. A velocidade de locação dos imóveis de um e dois dormitórios, grupo com maior representatividade na pesquisa, apresentou alta em 2023. O tempo médio para se alugar um apartamento de um ou dois dormitórios ficou em 4,45 meses — abaixo dos 5,20 meses observados em 2022. Ou seja, nesses dois tipos, o tempo médio para locar um imóvel diminuiu. A entidade afirma que esse cenário pode estar ligado à diminuição do estoque de residenciais.
Cenário para os próximos meses
O professor Alberto Ajzental afirma que a tendência de continuidade de corte na Selic e controle da inflação criam ambiente melhor para o setor imobiliário em 2024. No entanto, o impacto na locação deve ocorrer apenas em 2025 e 2026 com ocupação maior em imóveis próprios.
A economista-chefe da Secovi-RS também projeta acomodação nos valores de aluguel neste ano. Juro mais baixo recoloca mais pessoas no grupo com condições de adquirir imóvel. Com isso, diminui o número de pessoas em busca de locação, garantindo mais oferta nesse mercado, segundo a economista:
— A tendência para 2024 é de estabilidade nos preços para locação. Temos uma expectativa de redução nas taxas de juros e isso tende a facilitar a compra do imóvel, acarretando para a locação uma demanda menor.
A pesquisa do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis (Secovi-RS) sobre o mercado de locação de Porto Alegre mostra movimentos distintos no recorte por regiões. No geral, o preço médio do aluguel na Capital ficou em 11,72% em 2023.
O levantamento mostra cenários diferentes nos 61 bairros analisados. Olhando apenas o valor do metro quadrado, Três Figueiras, Vila Assunção e Mont’ Serrat ocupam o topo da lista. Em seguida, aparecem Bela Vista e Auxiliadora (veja no gráfico).
O sindicato afirma que as características dessas regiões são alguns dos fatores que explicam o valor mais elevado.
— São bairros bem valorizados, com imóveis com preço mais alto. Houve também a inserção na amostra de casas com preços diferenciados e apartamentos de padrão mais elevado — afirma a economista-chefe do Secovi-RS.
Olhando pelo lado da variação entre dezembro de 2022 e dezembro de 2023, Vila Assunção, Teresópolis e Praia de Belas despontam entre os bairros.
Fonte: Gaúcha ZH
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