O governo federal prepara uma nova estratégia para fomentar o mercado imobiliário voltado à classe média. Segundo reportagem do GZH, a proposta inclui uma injeção mínima de R$ 20 bilhões em crédito habitacional, com objetivo de ampliar o acesso à casa própria para famílias que hoje ficam fora dos programas sociais tradicionais.

O plano: usar os depósitos compulsórios da poupança

A ideia central é alterar a destinação de parte dos depósitos compulsórios da poupança — valores que atualmente ficam retidos no Banco Central — para financiar moradias. Com isso, os recursos liberados seriam direcionados majoritariamente ao Sistema Financeiro da Habitação (SFH) e parcialmente ao Sistema Financeiro Imobiliário (SFI).

Segundo o ministro das Cidades, Jader Filho, 80% desses recursos liberados seriam vinculados ao SFH e 20% ao SFI.

Esse movimento pretende recompor a retração no crédito imobiliário observada nos últimos anos, especialmente por conta da escassez de recursos da poupança e da elevação das taxas de juros.

Relação com o programa Minha Casa, Minha Vida — Classe Média

Como complemento a essa iniciativa, o governo já instituiu o MCMV Classe Média, modalidade que permite financiamento para famílias com renda de até R$ 12 mil.

Essa vertente faz parte dos esforços para tornar o crédito imobiliário mais acessível para quem está fora das faixas mais baixas dos programas sociais, mas ainda encontra dificuldades com as condições de mercado.

Possíveis impactos no mercado imobiliário

  1. Expansão da demanda
    Com crédito mais acessível, um público maior poderá entrar no mercado comprador, aquecendo vendas, especialmente de imóveis de padrão intermediário.

  2. Valorização de regiões intermediárias
    Bairros que hoje estão “na linha de frente” entre caro e barato poderão ganhar protagonismo, com maior liquidez para imóveis que hoje são menos procurados.

  3. Pressão para incorporadoras & construtoras
    Novos projetos poderão ser viabilizados se houver garantias contratuais e previsibilidade em relação a juros, taxas e prazos.

  4. Desafios para estados e municípios
    A expansão da urbanização exigirá infraestrutura (transporte, saneamento, serviços) para suportar novas ocupações.

  5. Competição com mercado de aluguel
    Uma oferta maior de crédito e venda pode ajustar preços de locação em áreas em que hoje há pressão alta pela demanda.