O mercado imobiliário brasileiro registrou crescimento no quarto trimestre de 2024, com aumento de 10,1% nos lançamentos e 19,1% nas vendas em comparação ao mesmo período de 2023, segundo relatório da Cbic (Câmara Brasileira da Indústria da Construção).

O programa Minha Casa, Minha Vida foi um dos principais impulsionadores, com aumento de 44,2% nos lançamentos e 43,3% nas vendas. Isso se deve ao aumento do teto do programa para R$ 350 mil e do subsídio para R$ 55 mil, utilizando recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).

Apesar da expectativa de demanda aquecida em 2025, a elevação da taxa Selic e a redução do crédito via SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo) podem desacelerar os lançamentos. Fatores como escassez de mão de obra e aumento dos custos de materiais também devem pressionar os preços.

“Ainda bem que o orçamento [pelo FGTS] é o mesmo e tem a trava para imóveis usados”, afirmou Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP, referindo-se às restrições de uso do FGTS para financiar imóveis usados.

No acumulado de 2024, o setor cresceu 18,6% em lançamentos e 20,9% em vendas. O Sudeste liderou o mercado, seguido pelo Nordeste, que respondeu por quase metade das transações nacionais. A região Norte se destacou com crescimento de 49,1% nas vendas.

Embora tenha afirmado que “o mercado imobiliário continuará forte, apesar dos desafios” em 2025, o presidente da Cbic, Renato Correia também alerta para que os imóveis para classe média e alta devem ser mais afetados pela conjuntura macroeconômica, com “menor volume de lançamentos e menor velocidade de vendas” nesse segmento.

O Minha Casa, Minha Vida, por sua vez, deve manter-se resiliente devido às taxas fixas de juros e orçamento separado com recursos do FGTS. A Cbic expressou preocupação com a nova versão do crédito consignado privado, que poderia usar o saldo do FGTS como garantia. O setor imobiliário critica o uso do fundo para atividades além de infraestrutura e habitação, e insiste no fim do saque-aniversário.

“Vamos acabar ficando com as duas opções para os trabalhadores”, alertou Petrucci sobre a possibilidade de coexistência do novo consignado e do saque-aniversário. Há temor de que isso acelere a retirada de dinheiro do FGTS, comprometendo o uso como fonte de recursos para o Minha Casa, Minha Vida e para a entrada no imóvel pelos trabalhadores.

Fontes: Valor e Folha de S.Paulo