Um condomínio no Jaguaré, zona oeste da capital paulista, elaborou um plano de guerra contra o desperdício de água. A administração prepara uma ofensiva contra os “gastões”, com base em um ranking que vai elencar os “procurados” por maior consumo. Caso a artilharia não resolva, serão emitidos alertas por cor, como em ações de combate ao terrorismo, de acordo com a gravidade da situação.
Hoje, vale a cor laranja. Caso a falta de água se agrave, com racionamento de cinco dias sem água e dois com abastecimento, secando o reservatório de 350 mil litros dos prédios, será decretada a cor vermelha, como explicou o empresário Vinicius Saraceni, de 37 anos, do conselho administrativo do Condomínio Horizons e um dos idealizadores do plano.
— É como se fossem alertas usados em guerra. Atualmente, nosso reservatório dura dois dias e meio. Agora queremos que ele dure cinco.
O esquema foi aprovado por conselheiros, na sexta-feira (30), e vai ser apresentado nesta semana para os moradores. Na cor laranja, a primeira do plano de contingência, a meta é reduzir em 55% o consumo de água nos 392 apartamentos, distribuídos por sete torres. Nesse estágio, também está valendo a lista de “procurados” por desperdício.
Um levantamento feito pelos gestores do prédio aponta que cada família gasta, em média, pouco mais de 16 mil litros por mês. A ideia é baixar o consumo para 9.000 mil litros.
— Estamos prevendo, em uma menor escala, tudo o que a Sabesp está implementando em São Paulo. Tem famílias aqui que estão gastando 60 m³ por mês.
Mas, caso uma família apareça no ranking, a identidade dos “gastões” será preservada.
— A ideia é ir até o apartamento, ver se há algum vazamento. Caso não tenha problema nenhum, a ficha da pessoa vai cair, e ela vai perceber que está desperdiçando. É uma forma educativa de conscientizar.
Para incentivar a economia, o condomínio vai pagar a conta de água dos dois apartamentos que mais reduziram o consumo no mês. Também está em estudo formas de multar moradores que não reduzam o consumo de água.
Vermelho é rodízio
O plano de contingência já estava sendo pensado pelo condomínio. Mas só foi colocado em discussão após a possibilidade de um rodízio severo. Se as medidas não surtirem efeito, a crise se agravar e a Sabesp decretar o racionamento, o condomínio vai emitir o alerta vermelho, cortar o fornecimento dos moradores por até 12 horas e discutir medidas de armazenamento de água dentro dos apartamentos, com galões de água de 200 litros.
— No alerta vermelho, não vai ter água. Vamos adotar uma forma de armazenar água em casa para cozinhar e tomar banho.
Os moradores aprovam a “guerra” contra o desperdício, como o engenheiro civil Tomé Abduch, de 37 anos.
— As medidas têm de ser agressivas para passarmos pela situação que já é caótica. Só assim para a população tomar ciência de que, do jeito em que estamos, só vai piorar.
Ele acredita que não vai ter problemas para enfrentar o alerta laranja.
— No meu apartamento, moram apenas eu e minha mulher. Gastamos pouca água.
Para ele, as medidas de combate aos gastos, com cores de alerta, só serão aceitas pelos moradores após a polêmica dos cinco dias sem água e dois com água.
Fonte: O Estado de S. Paulo
Data: 01/02/2015.
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