Bento Azevedo

A expansão das varejistas on-line, como a Arezzo Indústria Comércio SA e a Walmart.com, está fazendo com que o espaço de depósitos no Brasil dobre seu tamanho, o que atrai investidores estrangeiros como a Prologis Inc. e o Goodman Group.

A Prologis, com sede em São Francisco, uniu-se à Cyrela Comercial Properties SA do Brasil na construção de depósitos para alugar para a Walmart.com e outras empresas. A Global Logistic Properties Ltd., de Cingapura, aumentará o tamanho dos seus centros de distribuição existentes em quase 100%, e o Goodman Group, da Austrália, acrescentará quatro locais no Rio de Janeiro e em São Paulo.

O crescimento das compras on-line está esgotando a capacidade dos depósitos no brasil, o que impulsiona os esforços para ampliar as redes de distribuição. A B2W Cia Digital, com sede no Rio de Janeiro, cujos pedidos para o final do ano em 2010 e 2011 sofreram problemas quando os envios saíam de São Paulo, adicionará pelo menos dez depósitos em diferentes estados até 2015, adotando uma abordagem semelhante a do Walmart.com, que utiliza 42 centros de distribuição nos EUA.

“Começamos há 5 anos com um centro de distribuição em Barueri, São Paulo, a partir do qual a gente percebeu a necessidade para expandir”, disse Flávio Dias, presidente de vendas on-line no Brasil da Wal-Mart Stores. “Pelo tamanho do Brasil, a gente entende que a distribuição precisa ser mais regionalizada do que centralizada”.

O Brasil é o quinto maior país do mundo em território e seus consumidores estão migrando para a Internet, à medida que os computadores chegam a mais famílias em uma classe média em expansão.

Na esteira da expansão do e-comerce

A receita on-line crescerá 20% neste ano para R$ 34,7 bilhões (US$ 15,3 bilhões), após subir 28% no ano passado, estima a empresa brasileira de pesquisa E-bit. Isso se compara a um ganho estimado de 11% nos EUA para US$ 291 bilhões, segundo a empresa de pesquisa Forrester Research Inc.

“O comércio eletrônico é uma grande oportunidade para nós”, disse Hardy Milsch, gerente nacional da Prologis para o Brasil. As compras on-line estão “crescendo acima do ritmo da economia no país, obviamente alimentadas por 40 milhões de pessoas que foram incorporadas à classe média”.

A Prologis possui 372.000 metros quadrados em operação atualmente no Brasil, 167.400 metros quadrados em construção e 306.900 metros quadrados no seu banco de terrenos.

A demanda por mais centros de distribuição significa que o espaço de armazenamento, atualmente de 80 milhões de metros quadrados, terá que dobrar, estima Milsch. As instalações mais velhas costumam ser inadequadas para as necessidades atuais, como os espaços que não têm altura suficiente ou são pequenos demais para que os caminhões possam manobrar, disse ele.

A Global Logistic Properties pretende ser uma “líder do mercado” e está desenvolvendo um milhão de metros quadrados de depósitos no Brasil, quase duplicando seu espaço existente, disse Clarice Etcheverry, diretora de desenvolvimento e novos negócios no Brasil. A companhia possui mais de um milhão de metros quadrados na carteira.

Projetos de expansão independem de locatários

“O mercado tem potencial para dobrar de tamanho nos próximos 5 anos, mas provavelmente não fará isso porque são projetos de valor muito alto”, disse Etcheverry. Cada milhão de metros quadrados em espaço de armazenamento requer um investimento de cerca de R$ 1 bilhão, acrescentou.

Uma nova economia em desaceleração provavelmente atrapalhará os investimentos, disse Ângela Di Franco, sócia da Levy Salomão Advogados, com sede em São Paulo. Estima-se que o Brasil tenha se expandido 2,3% no ano passado e que cresça 2,1% em 2014, segundo dados compilados pela Bloomberg.

A queda na economia não assusta a Global Logistic nem a Prologis. Etcheverry disse que um dos projetos mais recentes da Global Logistic, perto do aeroporto internacional de Guarulhos, atraiu uma demanda três vezes maior do que a construção inicial. A taxa de ocupação da Prologis está em 90%, disse Milsch.

“Um ponto importante na nossa estratégia aqui tem sido construir prédios especulativos, construir sem necessariamente ter um inquilino com contrato assinado”, disse Milsch. “A demanda está muito saudável”.

Fonte: Brasil Econômico –  21, 22 e 23/02/2014