Enquanto a inadimplência de aluguéis residenciais cresce em diversas partes do Brasil, o Rio Grande do Sul se destaca pela resiliência dos seus locatários. Em abril de 2025, a taxa de inadimplência no estado foi de apenas 2%, bem abaixo da média nacional, que alcançou 3,15%, segundo levantamento da Superlógica, plataforma de gestão condominial e locatícia, e dados do Secovi-RS.
O que explica esse bom desempenho?
De acordo com Moacyr Schukster, presidente do Secovi-RS, a pontualidade do pagamento tem raízes culturais. “O gaúcho é mais rigoroso com suas obrigações. Há uma valorização do pagamento em dia”, afirma. Essa disciplina financeira contribui para um mercado de locações residenciais mais estável, mesmo diante de juros elevados e inflação resistente.
Outro fator que favorece o cenário local é a presença de contratos bem estruturados e de uma cultura de fiscalização e cobrança mais ativa por parte das administradoras e imobiliárias da região. Além disso, imóveis com valores mais acessíveis tendem a apresentar menos inadimplência — justamente o perfil mais comum na locação residencial gaúcha.
Condomínios enfrentam dificuldades
Se, por um lado, o pagamento do aluguel se mantém regular, por outro, as cotas condominiais têm sido deixadas em segundo plano. O Secovi-RS alerta que mais de 16% dos condôminos já estão inadimplentes logo no primeiro dia de vencimento das taxas mensais.
Essa situação é crítica: a inadimplência compromete diretamente a operação e segurança dos condomínios, pois impacta a folha de pagamento dos funcionários, manutenção das áreas comuns e serviços essenciais como limpeza, segurança e elevadores.
Especialistas recomendam que síndicos e administradoras reforcem a comunicação com os moradores, ofereçam acordos de parcelamento e mantenham a transparência na gestão financeira, para engajar os condôminos no cumprimento de suas obrigações.
Pequenos comércios também sofrem
No segmento de aluguéis comerciais, os impactos são ainda mais visíveis, especialmente entre empreendedores de pequeno porte. Segundo dados da Superlógica, imóveis comerciais com aluguel de até R$ 1 mil registraram inadimplência de 6,87%.
De acordo com Manoel Gonçalves, diretor de negócios da Superlógica, essa realidade é reflexo da fragilidade econômica pós-pandemia e dos eventos climáticos extremos que afetaram o estado em 2024 e 2025, comprometendo o funcionamento de muitos negócios locais.
Inadimplência por região e faixa de preço
No cenário nacional, os dados mostram que:
Imóveis residenciais de alto padrão (acima de R$ 13 mil/mês) concentram inadimplência de 5,42%.
A região Sul apresenta a menor inadimplência: 2,50%, seguida por Sudeste (2,94%) e Centro-Oeste (3,12%).
Já o Nordeste e o Norte lideram os índices mais altos, refletindo os maiores desafios econômicos dessas regiões.
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